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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O fim do começo



       Hoje, 14 de abril, faz uma semana desde que aquele rapaz resolveu invadir a escola no Rio de Janeiro e acabar com a vida de várias crianças, antes de se suicidar.
Fiquei com isso na cabeça, rabisquei algumas coisas a respeito, tentei compreender o que leva um rapaz, não a se suicidar, não o condeno por isso, tem todo o direito de acabar com aquilo que lhe resta: sua vida; mas por que arrastar para seu abismo aqueles jovens que não tinham nada com sua solidão e tristeza.
Mas foi só hoje, que um fato simples, comum, me chamou a atenção. Enquanto lia Pouco amor não é amor, de Nelson Rodrigues (Companhia das Letras, 2002), um diálogo entre dois personagens me deixou pensativo:

- Até que enfim, carambolas! Tomaste um banho de desaparecimento!
E o irmão, que se chamava Alcebíades e era um santo homem, explicava, a seu modo, a sua longa ausência: “Você se esquece que eu moro no Realengo? E sabes onde é o Realengo?”. Sentando-se, completou:
-O Realengo é o fim do mundo!

Mal sabia Nelson Rodrigues, que passados 57 anos desde a criação desses contos, o Realengo seria muito mais do que o fim do mundo. No dia 7 de abril, o Realengo foi para aquelas crianças, o fim de um sonho, o fim de um sorriso, o fim do começo.

Vinícius Bopprê

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